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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Novos trabalhos fotográficos são encontrados em caixas de papelão velhas

Quando as três caixas velhas de papelão - conhecidas coletivamente, e cinematograficamente, como "a mala mexicana" - chegaram ao Centro Internacional de Fotografia há mais de um ano, uma das primeiras coisas que um especialista em conservação de fotografias fez foi inclinar-se e cheirar o filme dobrado que havia dentro delas, temendo sentir um cheiro acre denunciador, um sinal da decomposição da película de nitrato.

Mas descobriu-se que os rolos de filme estavam em notável bom estado, apesar de terem permanecido praticamente intocados durante 70 anos. E, assim, teve início o árduo processo de desenrolá-los, escaneá-los e descobrir o que havia nos 4.300 negativos de fotos tiradas por Robert Capa, Gerda Taro e David Seymour durante a Guerra Civil Espanhola, um trabalho pioneiro que há muito acreditava-se ter sido perdido, mas que reapareceu vários anos atrás.
O que os especialistas do centro descobriram em meio aos 126 rolos nos últimos meses foram várias fotos desconhecidas tiradas por Capa, um dos fundadores da agência de fotografias Magnum e fotógrafo de guerra pioneiro, e por Taro, a sua parceira profissional e companheira, que morreu em 1937, ao ser atingida por um tanque perto da frente de batalha, a oeste de Madri. Mas o mais surpreendente foi a quantidade de novos trabalhos feitos por Seymour, conhecido como Chim, que estavam nas caixas. Chim, que foi um outro co-fundador da Magnum, não ficou conhecido pelas suas fotografias de batalha, mas sim pelo fato de ter documentado de forma penetrante a vida espanhola à sombra da guerra.
"Isto de fato amplia pela primeira vez a nossa visão de Chim na Espanha, e o trabalho é de fato uma grande realização", afirma Brian Wallis, o curador do centro, que está planejando organizar uma exposição retrospectiva da carreira de Chim, que seria inaugurada em setembro de 2010. Cerca de um terço dos negativos encontrados nas caixas foi produzido por Chim (que pronuncia-se "shime", uma abreviatura do seu verdadeiro sobrenome, Szymin), que foi morto em 1956, quando cobria a crise do Canal de Suez. "Estamos impressionados com a quantidade de trabalhos deles que havia nas caixas", diz Wallis.
Apesar da esperança inicial, os negativos não esclareceram um enigma que há muito paira sobre a carreira de Capa: se ele montou artificialmente o cenário da sua fotografia mais famosa, que foi uma das imagens que definiram a guerra, "O Soldado Caindo", que mostra um miliciano republicano espanhol caindo para trás, naquele que parece ser o instante em que a bala o mata em Córdoba. As caixas não continham nenhuma das séries de fotografias tiradas naquela fatídica tarde de 5 de setembro de 1936, embora várias imagens que sobreviveram da sequência tenham sido publicadas anteriormente, e Richard Whelan, o biógrafo de Capa, tenha argumentado persuasivamente que a foto não foi montada (nunca se encontrou o negativo da fotografia; ela foi reproduzida a partir de duas velhas impressões).
Segundo Cynthia Young, curadora no centro da Coletânea de Capa, e que é a pessoa mais envolvida com as imagens, o que as caixas proporcionaram foi uma compreensão bem mais profunda de como Capa, Taro e Chim trabalharam durante o período relativamente curto no qual estavam criando coletivamente o arquétipo do fotógrafo de guerra moderno. A descoberta também elucidou narrativas importantes da guerra, como a cobertura feita por Capa, em março de 1939, dos famosos campos de confinamento para refugiados espanhóis no sudoeste da França, um assunto que é foco cada vez maior de pesquisas históricas.
Com relação a Capa e Taro, os negativos recém-descobertos estão proporcionando uma forma de entender o confuso arquivo de imagens feitas por eles da Guerra Civil Espanhola, cujas datas, sequências e até mesmo atribuições continuavam incertas. Grande parte do trabalho conhecido deles realizado naqueles anos foi organizado em nove álbuns de provas de contato com poucas informações identificadoras (um dos álbuns está no centro, os outros encontram-se nos arquivos nacionais franceses, em Paris).
"Como os rolos nas caixas mostram fotos sequenciais de grande parte do trabalho de guerra mais famoso dos três fotógrafos, isso permite também que os especialistas vejam como os olhos deles estavam funcionando quando fotografavam essas histórias", diz Young. "E eu acho de fato que este é o fator mais interessante nesse projeto, vislumbrar o processo de pensamento deles".
O trabalho de escanear cuidadosamente todas as imagens de 35 milímetros só pôde ser iniciado plenamente vários meses após a chegada do material a Nova York, quando Grant Romer, um especialista em conservação de fotos da George Eastman House, em Rochester, no Estado de Nova York, ajudou a desenvolver um dispositivo especial através do qual os negativos podem ser submetidos a escaneamento digital sem que sejam danificados.
Mesmo agora que as imagens surgiram, a história de como os negativos saíram do estúdio de Capa, em Paris, e foram parar no México, não ficou nem um pouco esclarecida. A partir da reconstituição dos fatos feita por Whelan, o biógrafo (que morreu em 2007), e outros especialistas, Capa aparentemente pediu ao seu gerente de laboratório de revelação que salvasse os seus negativos, depois que o fotógrafo fugiu de Paris para Nova York. As caixas provavelmente chegaram a Marselha e, em algum momento, foram parar nas mãos do general Francisco Aguilar Gonzalez, um diplomata mexicano que no final da década de 1930 servia em Marselha, cidade na qual o governo mexicano ajudava os refugiados anti-fascistas da Espanha a emigrarem para o México.
Os negativos também foram parar no México, onde, após a morte do general, tornaram-se propriedade de um cineasta da Cidade do México, Benjamin Tarver, cuja tia era amiga próxima do general. Na década de 1990, Tarver anunciou a existência dos negativos, e em 2007, após delicadas negociações, ele concordou em entregá-los ao Centro Internacional de Fotografia, que foi fundado pelo irmão de Capa, Cornell Capa.
"Além das novas imagens feitas por Chim que serão exibidas na sua retrospectiva, o centro está planejando agora uma grande exposição em 2010 de grande parte do trabalho encontrado na mala mexicana", afirma Wallis. "Consideramos esta uma das mais importantes descobertas de trabalhos fotográficos do século 20".
Fonte: Randy Kennedy - The New York Times

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Hubble celebra 19 anos com imagem de 'Fonte Cósmica'


Para comemorar os 19 anos do Telescópio Espacial Hubble em órbita da Terra, a Nasa e a Agência Espacial Europeia divulgaram uma foto de um sistema de galáxias conhecido como Arp 194. O grupo contém diversas galáxias ao longo de uma "Fonte Cósmica" de estrelas, gás e poeira que estende por 100 mil anos-luz.

Arp 194, um trio de galáxias, dá a impressão de que uma delas está "vazando" estrelas. na verdade, o fluxo azul é um braço espiral esticado, repleto de estrelas recém-nascidas. Isso costuma acontecer quando duas galáxias interagem gravitacionalmente e atraem partes uma da outra.
Os núcleos das duas galáxias em colisão podem ser vistos na parte superior esquerda da imagem. O braço de estrelas parece ligar-se a uma terceira galáxia, mais abaixo, mas na verdade esse terceiro componente da imagem está mais ao fundo, e não faz contato algum com os dois corpos no primeiro plano.
O "jorro" azul é a parte mais impressionante da composição, e contém complexos de aglomerados de estrelas, que podem conter, cada um, várias dezenas de famílias estelares.

O Hubble foi lançado a bordo do ônibus espacial Discovery, em 1990. O telescópio fez mais de 880 mil observações, registrou mais de 570 mil imagens, correspondendo a 29 mil corpos celestes nos últimos 19 anos.
Fonte: Estadão Online

Rios do mundo transportam cada vez menos água

A vazão dos maiores rios do planeta caiu nos últimos 50 anos, com mudanças significativas afetando cerca de 30% dos principais cursos d'água.
Uma análise dos 925 maiores rios, de 1948 a 2004, mostra um declínio no fluxo total. Só a redução do volume de água despejado no Oceano Pacífico equivale ao desaparecimento do Rio Mississippi, de acordo com estúdio que será publicado na edição de 15 de maio do Journal of Climate, periódico da Associação de Meteorologia dos EUA.
A única região do mundo onde o fluxo de água aumentou foi o Ártico, onde o aquecimento do clima aumenta o derretimento de neve e gelo, dizem pesquisadores liderados por Aiguo Dai, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica.
"Os recursos de água doce provavelmente vão declinar nas próximas décadas em muitas áreas populosas de latitudes médias e baixas, principalmente por causa da mudança climática", disse Dai. "O rápido desaparecimento dos glaciares em montanhas do platô tibetano e outros lugares vai agravar a situação".
Embora Dai tenha citado a mudança climática como um fator importante nas alterações dos rios, o artigo científico também menciona outras causas, como o desvio de água para fins agrícolas e industriais.
Entre os rios que apresentam vazão declinante, vários servem a grandes populações. Entre eles, o Rio Amarelo, o Ganges, o Níger e o Colorado.
Houve considerável variação anual na vazão de muitos rios, mas a tendência geral foi de queda: a descarga de água doce anual no Oceano Pacífico caiu cerca de 6%, ou 526 quilômetros cúbicos. No Índico, a queda foi de 3%, ou 140 quilômetros cúbicos. Em contraste, a descarga anual no Oceano Ártico aumentou 10%, ou 460 quilômetros cúbicos.
O Atlântico sofreu pouca mudança, com aumentos na vazão do Mississippi e o Paraná compensadas por uma redução do Amazonas.
Fonte: Estadão Online

terça-feira, 21 de abril de 2009

Biblioteca Mundial Digital da UNESCO

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) lança nesta terça-feira, dia 21 de Abril, a Biblioteca Digital Mundial, que permitirá consultar gratuitamente pela internet o acervo de grandes bibliotecas e instituições culturais de inúmeros países, entre eles o Brasil.
Dezenas de milhares de livros, imagens, manuscritos, mapas, filmes e gravações de bibliotecas em todo o mundo foram digitalizados e traduzidos em diversas línguas para a abertura do site da Biblioteca Digital da Unesco (www.wdl.org).
A nova biblioteca virtual terá sistemas de navegação e busca de documentos em sete línguas, entre elas o português, e oferece obras em várias outras línguas.
Entre os documentos, há tesouros culturais como a obra da literatura japonesa O Conde de Genji, do século 11, considerado um dos romances mais antigos do mundo, e também o primeiro mapa que menciona a América, de 1507, realizado pelo monge alemão Martin Waldseemueller e que se encontra na biblioteca do Congresso americano.
Entre outras preciosidades do novo site estão as primeiras fotografias da América Latina, que integram o acervo da Biblioteca Nacional do Brasil, o maior manuscrito medieval do mundo, conhecido como a Bíblia do Diabo, do século 18, que pertence a Biblioteca Real de Estocolmo, na Suécia, e manuscritos científicos árabes da Biblioteca de Alexandria, no Egito.
Até o momento, o documento mais antigo da Biblioteca Digital da Unesco é uma pintura de oito mil anos com imagens de antílopes ensanguentados, que se encontra na África do Sul.
32 instituições
A Biblioteca Nacional do Brasil é uma das instituições que contribuíram com auxílio técnico e fornecimento de conteúdo ao novo site da Unesco.
O projeto contou com a colaboração de 32 instituições, de países como China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, México, Rússia, Arábia Saudita, Egito, Uganda, Israel e Japão.
O lançamento do site será acompanhado de uma campanha para conseguir aumentar o número de países com instituições parceiras para 60 até o final do ano.
"As instituições continuam proprietárias de seu conteúdo cultural. O fato de ele estar no site da Unesco não impede que seja proposto também a outras bibliotecas", explicou Abdelaziz Abid, coordenador do projeto.
A ideia de uma biblioteca digital mundial gratuita foi apresentada à Unesco pelo diretor da biblioteca do Congresso americano, James Billington, ex-professor da Universidade de Harvard.
Ele dirige a instituição cultural do congresso americano desde 1987 e diz ter aproveitado o retorno dos Estados Unidos à Unesco, em 2003, após 20 anos de ausência, para promover a ideia da biblioteca digital.
"Eu lancei essa ideia e sugeri colocá-la em prática nas principais línguas da ONU, como o árabe, chinês, inglês, francês, português, russo e espanhol", diz Billington.
Ele se baseou em sua experiência na digitalização de dezenas de milhões de documentos da Biblioteca do Congresso americano, criada em 1800.
O objetivo da Unesco é permitir o acesso de um maior número de pessoas a conteúdos culturais e também desenvolver o multilinguismo.
Fonte: BBC Brasil